São José dos Campos, 5 de agosto de 2021.
Queridos amigos,
Essa semana, no nosso “Conversas para um Café” eu falei um pouquinho sobre a história “Cinco ervilhas numa vagem”, que usamos para trabalhar algumas virtudes com as crianças.
Eu gosto muito dessa história porque acho tão sensível e daquela beleza que emociona o coração da gente. Mas aqui na carta eu gostaria de falar mais especificamente sobre o ensino da gratidão.
Não sei você, mas eu já vi crianças incapazes de se sentirem gratas. Eu me lembro, aliás, de um dia em que disse aos meus alunos que naquele dia nossa oração seria só para agradecer, não para pedir. E perguntei pelo que cada um deles era grato. Para a minha tristeza, vários disseram: não tenho nada para agradecer.
Naquele dia eu entendi algo importante: quando deixamos que as crianças pensem que têm direito a tudo que as cerca, estamos incentivando um coração ingrato. Veja, o que nos leva à gratidão? Não é essa sensação de que temos muito mais do que merecemos? A convicção de que recebemos muito? Pois então. O que acontece é que muitas crianças têm crescido sem esse senso. Ao contrário, elas vivem é chateadas porque estão sempre pensando que não têm o que gostariam. E isso é tão triste!
Nessa história das cinco ervilhas, vemos uma menininha doente que se alegra quando uma pequena plantinha começa a brotar na esquadria da janela de seu quartinho no sótão. Uma plantinha. Isso foi o bastante para trazer nova vida à criança que vivia sem nada ao seu redor.
Eu sempre penso nisso, sabe, de que tudo ao nosso redor é sinal de graça, é dádiva. E como é mais leve a vida quando conseguimos nos alegrar e agradecer por todas essas pequenas bênçãos.
Mas para que o coração das nossas crianças cresça grato, nós precisamos ensinar isso a elas. Precisamos cultivar a gratidão como algo que faz parte das nossas vidas. Como?
Bom, primeiro, com atitudes de gratidão mesmo. Muitas vezes é por meio das ações comuns que certos princípios se firmam nos corações dos nossos pequenos. Dia desses vi com meu esposo um episódio de uma série em que o menino não acreditava em Deus, mas sua mãe era cristã então sempre dava graças quando se sentavam para as refeições. Certa vez ela entrou em crise de fé e naquele dia não quis orar. O menino ficou tão assustado que foi ajudar a mãe a se lembrar porque Deus existia.
E eu fiquei pensando que esse costume de dar graças antes da refeição moldou, em muitos aspectos, minha gratidão ao Senhor. E aos outros também. Muitas vezes nossa oração era para agradecer por alguma pessoa que tinha mandado uma cesta de alimentos que agora era nossa refeição.
E hoje eu me sinto feliz por poder fazer o mesmo quando meu esposo e eu agradecemos pelo alimento, ou pelo privilégio de tomarmos juntos um lanchinho de torradas com patê ou o que quer que o Senhor tenha nos dado.
Conheço várias estratégias para ajudarmos as crianças a entenderem a gratidão e a cultivarem. Mas hoje eu quis escrever para dizer que nada ensina tanto quanto a prática de agradecer. Essa prática que reflete uma convicção de que temos mais do que merecemos e que nos força a olhar para tudo o que temos quando nosso coração quer olhar para o que não tem.
Que nossas práticas mostrem de forma viva o que se passa em nosso coração. E que isso transborde e alcance o coração das crianças também – por toda a vida.
Com carinho,
Katarine
P.S.: Quer trabalhar com essa história para firmar ainda mais no coração das crianças virtudes como a gratidão? Confira o nosso material “Estudo das Virtudes”. Essa é uma das 4 histórias que trabalhamos ali.