Como ensinar a Virtude da Prudência às crianças?

Este mês estamos trabalhando com a Virtude da Prudência em nosso projeto Virtude do Mês. Na semana passada conversamos um pouco sobre “O que é a Virtude da Prudência” e quanto precisamos desenvolver essa virtude para sermos capazes de fazer boas escolhas.

Hoje vamos refletir, então, como podemos ensinar essa virtude às crianças, começando pela pergunta óbvia:

1. É POSSÍVEL ENSINAR ALGUÉM A SER PRUDENTE?

Sempre que estou tentando arrumar alguma coisa em casa e acabo derrubando tudo, penso: “Eu sabia que ia acabar derrubando” – e na hora me lembro do que minha mãe vivia me dizendo quando eu era criança e adolescente: “Minha filha, desocupa essa mão antes de fazer isso! Não está vendo que vai derrubar? Que mania de querer fazer duas coisas ao mesmo tempo!”.

Pensemos, agora, nessa pergunta: Se de fato, como vimos no texto anterior, a Prudência se obtém apenas com as experiências da vida, talvez isso nem seja algo que se ensina. Talvez o melhor que podemos fazer pelos mais jovens é permitir que vivam e aprendam por si mesmos. Concorda?

Hmmm… Eu não concordo. Deixe-me perguntar: Pelo que observa ao seu redor, todas as pessoas já com certo tempo de vida podem ser consideradas prudentes? Creio que não precisa pensar muito para dizer que não. Muitas pessoas parecem jamais aprender com as situações – são os famosos “cabeças-duras”, que tomam vinte vezes o mesmo tombo e continuam a fazer tudo igual.

Ao refletir sobre esse ponto, meu pensamento é que não é a simples experiência que nos torna prudentes, mas a reflexão sobre as experiências – tanto as minhas quanto as dos outros. Muitas vezes não precisamos passar pessoalmente por algo para saber como aquilo acabará; basta observar a vida daqueles que estão ao nosso redor.

Então creio que podemos, sim, ensinar alguém a ser prudente, especialmente quando ajudamos a desenvolver esses dois hábitos: primeiro, o de tentar projetar o que acontecerá se eu realizar este ou aquele movimento; segundo, o de perceber quais são as consequências mais comuns em cada situação, como forma de ganhar repertório para as decisões que virão. Como em um jogo de xadrez, quanto mais conhecemos os tipos de movimentos, melhor conseguimos prever o que o outro jogador fará – ou as consequências das decisões que eu tomo ao movimentar minhas peças no tabuleiro.

2. COMO ENSINAR A VIRTUDE DA PRUDÊNCIA PARA AS CRIANÇAS?

Podemos dizer que ensinar a ser prudente é treinar a paciência necessária para pensar antes de agir, e treinar o olhar para observar as consequências comuns em cada tipo de atividade.

Para isso, creio que os passos são:

  1. Explicar para a criança o que é Prudência.

No texto anterior expliquei melhor esse aspecto, mas pensava ali em adultos e jovens. No caso das crianças, para explicar essa virtude gosto de usar o nosso versinho:

Ser prudente é usar a sabedoria
ao tomar uma decisão
sempre penso nas consequências
antes de dizer “sim” ou “não”.

(Estes versinhos eu escrevi para facilitar o ensino das virtudes para as crianças pequenas, mas hoje acho úteis mesmo para os maiores. Conheça aqui como funcionam os Cartões das Virtudes).

2. Relacionar com os princípios que cremos e textos bíblicos

Para as famílias cristãs, esse é um ótimo momento de ajudar a criança a entender mais claramente os textos bíblicos que lemos continuamente. Nos materiais nós usamos diversos versículos do livro de Provérbios (como Pv. 27.12, Pv. 8.5, Pv. 8.12), e o clássico texto em que o próprio Jesus ensina: “Sede, portanto, prudentes como a serpente e símplices como as pombas”. (Mateus 10.16).

3. Mostrar para a criança as consequências de não desenvolvermos essa virtude.

No texto anterior também escrevi um tópico sobre essa questão, mostrando como a pessoa que não é prudente vive se arrependendo de ter agido sem pensar.

Como você já deve ter percebido, no Educar com Sapiência nossa estratégia principal paro ensino de virtudes e habilidades que as crianças precisam desenvolver são as histórias. Quando lemos uma história – gosto de repetir: uma BOA história – nossa imaginação nos leva a caminhar lado a lado com as personagens, vivendo cada uma de suas emoções, alegrias e calafrios.

No caso da Virtude da Prudência isso é especialmente interessante, porque é como se a criança vivesse ali as escolhas da personagens e suas consequências, fortalecendo seu repertório de sabedoria prática: eu me lembro o que aconteceu lá, então não preciso passar por isso para saber os resultados. Muitas histórias são boas para trabalhar esse aspecto, como a versão mais tradicional de Chapeuzinho Vermelho, por exemplo.

Mas a minha favorita para ensinar a Virtude da Prudência continua sendo, de longe, a história do boneco Pinóquio. Porque se tem uma personagem que sofre constantemente as consequências por suas atitudes impensadas, essa, com certeza, é o Pinóquio!

Geralmente as crianças sentem até raiva do boneco e recriminam suas atitudes – a oportunidade perfeita para mostrar quanto, muitas vezes, nós também agimos assim.

Essa foi, aliás, a primeira história em capítulos que colocamos no Programa Valores e Virtudes, e que geralmente eu recomendo para quem já fez o Estudo das Virtudes e quer começar esse tipo de ensino com as crianças. Por tratar-se de uma história com capítulos curtos e dinâmicos, mesmo crianças menores conseguem acompanhar. E ao longo da história vamos, por meio das perguntas e reflexões, ajudando-os a observar as escolhas e consequências, e a pensar em suas próprias vidas.

4. Ensinar a criança a ter como alvo de sua vida desenvolver a virtude, buscando a ajuda de Deus

Cultivar uma virtude é muito mais do que saber o que ela significa. Já vi muitas crianças, adolescentes e adultos conhecerem muito sobre o que é a coisa certa, e viverem esperando o dia em que acordariam agindo de forma diferente. Conhecer é o primeiro passo, mas conhecer não é viver.

Educar uma criança é, antes de tudo, ensiná-la a amar as coisas certas. Esse é o amor que a guiará na difícil jornada de enfrentar seus vícios, seus pecados e suas falhas, empenhando-se de verdade em trabalhar para mudar o que é preciso.

Esse é o amor que a levará a pedir, todos os dias, que Deus, por Sua Graça, a ajude, trabalhando em seu coração para que ela seja uma pessoa virtuosa que agrada a Ele não apenas com suas palavras, mas também com suas ações.

Que Ele nos ajude nessa missão e encha nosso coração com esse desejo de viver a Verdade e conduzir nossas crianças nesse caminho.

Katarine Jordão
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Quer trabalhar o caráter de suas crianças de modo mais intencional? Conheça nossos materiais:

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