O problema da educação que (quase) todos preferem ignorar

Esse ano eu já atendi várias famílias da Academia na consultoria individual. E foi assim que, em janeiro, eu “conheci” mais uma aluna nossa.

Já contei por e-mail essa história, mas vou contar aqui para o caso de alguém não ter visto, porque é um problema sério.

Foi uma conversa que me deixou muito impactada – por diversas razões. Mas uma delas foi ficar pensando que existe um problema na educação que a maior parte das pessoas prefere ignorar.

Um problema que causa uma infinidade de outros problemas deveria ser nossa prioridade, concorda?

E vou dizer a vocês que nessa conversa eu percebi que não tem para onde correr: está na escola pública, na escola particular, e inclusive nas escolas cristãs e clássicas. 

Então os pais pensam: a solução é tirar as crianças da escola. Mas nesses mais de cinco anos acompanhando famílias eu percebo que muitos continuam reproduzindo o mesmíssimo modo de agir, e continuamos lidando com o mesmíssimo problema.

No ano passado, duas pessoas diferentes me fizeram a mesma pergunta: se alguém investisse, você toparia fundar uma escola?

E nas duas vezes eu expliquei que não. Por uma razão simples. Eu, coordenando a área pedagógica de uma escola, teria o mesmo problema que as escolas todas têm hoje: encontrar bons professores.

E sem bons professores, gente, você pode ter a metodologia mais linda do mundo, os materiais mais maravilhosos, a filosofia mais encantadora… No final não vai ser nada disso.

Por quê? Porque quem ensina é o professor. E você só ensina de verdade quando você sabe.

Em outras palavras, para ser um bom professor você precisa passar por uma boa formação – e isso vai muito além de concluir sua licenciatura. Você precisa saber ler de forma proficiente, escrever bem, ter uma boa base de conhecimentos gerais e, claro, saber ensinar – sim, ter domínio dessa arte de ajudar alguém a se tornar hábil nas áreas que você já domina, o que envolve saber organizar conteúdos em uma sequência didática que faça sentido, planejar uma aula, avaliar, enfim… Ser professor.

E o que se faz quando não se tem uma boa formação?

Duas opções: a primeira é correr atrás para aprender (e às vezes tem que correr mesmo, porque o que era para ter aprendido ao longo dos catorze ou quinze anos de educação básica, mais uns 3 ou 4 de formação profissional, você tem que aprender em 2 ou 3 anos para já começar a dar aulas).

Mas existe outra opção:  você pode ignorar essa parte e pensar que se tiver bons materiais e passar alguns minutos do dia vendo posts lives de outras pessoas, vai ser fácil ensinar as suas crianças. 

E sabe o que a maior parte das pessoas escolhe? A segunda opção.

Por quê? Ué. Porque a primeira dá muito trabalho. Tem que ler, tem que sentar e assistir aula de verdade, tem que resumir, anotar, tem que achar tempo no meio dessa vida frenética que assumimos hoje.  

E assim muitos seguem tentando ensinar crianças, quando ainda não conseguem interpretar textos – nem mesmo do texto bíblico -, não conseguem escrever um texto com pontuação correta, não conseguem explicar com clareza o que pensam, não conseguem fazer uma dedução básica por raciocínio lógico, não conseguem organizar um processo de aprendizado.

Não, não é nossa culpa se não tivemos acesso a uma boa formação em nosso tempo de infância.

Mas a responsabilidade por sanar isso é totalmente nossa

No início do e-mail eu contei sobre uma mãe que conheci em janeiro desse ano. Ela nunca fez Pedagogia – é formada em uma área totalmente diferente. Tem passado por problemas que eu nem consigo imaginar como conciliar com as coisas da vida. Mas digo a vocês que o que ela me mostrou do trabalho que vai começar com os filhos, deixa MUITO professor “no chinelo”.

E no final da conversa ela me disse uma frase que eu já ouvi muitas vezes desde que comecei esses cursos aqui no Educar com Sapiência:

Eu só lamento ter demorado tanto para começar a aprender tudo isso.”

Sim, muita gente me diz: eu queria ter começado a estudar tudo isso quando meus filhos ainda eram pequenos, para ter tempo de aprender e poder colocar em prática. Porque agora que já estão com seis, sete, nove, doze anos… Tudo fica muito mais difícil.

Meu sonho é, um dia, ver as pessoas envolvidas na Educação estudando de verdade (e eu digo isso desde que estava na escola e não me conformava em ouvir professores dizendo que não gostavam de estudar). 

Sim. Professor, ou quem ensina, tem obrigação de estudar! 

Mas nós não estudamos só para ensinar. Estudamos para formar nossa mente, nosso ser. Estudamos para sermos capazes de viver e cumprir a vocação que o Senhor tem para cada um neste mundo.

Se você chegou até essa linha do texto, garanto que você já é parte de uma minoria que não diz “nem vou ler porque é muito grande”. Então continue firme, especialmente na leitura ativa e difícil, e no estudo. 

Escolha livros de verdade: livros bons, escrito pelos grandes autores da história – não fique só nos livros modernos de escrita fácil e letras grandes. Escolha livros que desafiam seu entendimento. “Lute com eles”. Aprenda com eles. Não se permita ficar dando desculpas para não crescer. 

E se precisar de apoio e um caminho para essa jornada, conte conosco.

Nós abrimos novamente inscrições para a Academia Educar com Sapiência. E se estiver precisando se preparar para ensinar, venha fazer parte. 

Não espere para dizer que lamenta não ter começado antes.

Chega de esperar alguém resolver. Quero começar.

***

Olá! Eu sou a Katarine Jordão, professora e idealizadora do Educar com Sapiência. Sou pedagoga com especialização em orientação educacional e educação cristã, mas meus estudos pessoais me levaram a conhecer a educação que pedagogia moderna não ensina: uma educação que tem como base a formação do caráter e das virtudes e o domínio de habilidades essenciais para a vida, como a leitura proficiente, a lógica, a atenção, o estudo e as emoções ordenadas.

Em 2016 decidi sair da sala de aula e me dedicar em tempo integral ao trabalho de orientar aqueles que querem trabalhar essa educação. Hoje, com meu esposo Paulo e nossa equipe, oferecemos formação, materiais e consultoria para pais e professores. E toda semana eu escrevo uma carta e envio por e-mail compartilhando pensamentos sobre esse desafio de educar a mente e o caráter das crianças – e o nosso. Se quiser receber também é só inscrever-se aqui.

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